No início, você tem medo. Fica inseguro se realmente deveria experimentar ou não. Aí as pessoas ao seu redor uma hora ou outra conseguem de alguma maneira mirabolante te convencer de que é muito bom e que você deveria tentar, e você acaba acreditando. Quando você prova pela primeira vez, a sensação que te dá é extremamente intensa. Você começa a suar, os seus batimentos cardíacos aceleram perigosamente, a sua pressão aumenta, você se sente eufórico, elétrico, como se fosse capaz de fazer qualquer coisa. Áreas do seu cérebro são ativadas sem que você tenha controle qualquer sobre isso, fazendo seu corpo reagir de maneiras diversas. Todos os dias começam a parecer que valem a pena, só pela simples oportunidade de conquistar aquela sensação de novo. Mas quando a onda inicial vai embora, você é tomado por uma torrente de sensações de angústia, cansaço, insônia e depressão. Na sua mente reina apenas um único pensamento compulsório: "Eu preciso disso de novo". Então você vai atrás da sua nova dose, e é sempre a mesma coisa. Você usa, fica nas nuvens e depois deprime. E você começa a acreditar que não há outra maneira de se sentir bem de novo. O seu comportamento fica cada vez mais auto-destrutivo, conforme você vai ficando mais resistente e precisando de doses cada vez maiores para causar os mesmos efeitos de antes. Afasta-se da família e dos amigos porque a sua nova obsessão é a única coisa que importa, considerando o resto como sendo superficial. Se você puder ter aquilo, apenas aquilo, a sua vida será completa, é o que você pensa. É aí que seu organismo começa a entrar em decadência numa espiral insana de procura desesperada daquilo que você acredita ser a única coisa capaz de lhe proporcionar uma miséria de sensação de bem-estar, mesmo que cada vez mais passageira. Quando você se dá por si, percebe finalmente que o vício já não possui o mesmo doce, ele sequer te faz se sentir melhor. Mas agora você já está sozinho e desamparado por ter achado que ele conseguiria satisfazer sua vida plenamente em todos os aspectos.
É... A cocaína e o amor são bem parecidos. Mas a cocaína pelo menos faz o favor de te matar -de verdade- no final das contas.
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