segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Uma série de eventos inesperados

Deitado e coberto por panos e pela escuridão em uma noite tranquila, envolvido pelo som do ar-condicionado e de respiração suave, eu pensei em você. Como eu almejo sentir o toque do meu amante, morno como pequenas chamas queimando em círculo enquanto cozinham algo novo. Sentir meu coração palpitar ao escrever essas palavras, pensando na maneira que seus olhos castanhos lampejam à luz do sol, tingidos com tons de laranja e mel, enquanto seu sorriso de gaivota me recebe nas pequenas admirações que compartilhamos. Sentir-me aninhado pelo seu abraço e enebriado pelo cheiro de perfume, cabelo e maconha conforme passo meu nariz e minha boca pela sua nuca. Lembrar-me das carícias em que eu afastava seus cachos e deslizava suavemente minha mão pelas maçãs do seu rosto, parando com o polegar na sua boca e deixando seus lábios ligeiramente entreabertos enquanto você mordia de leve as pontas dos meus dedos. Me sentir "invicto" e inflamado ao pensar na orquestra de sensações de quando nossas roupas estão espalhadas pelo chão e nossos corpos unidos pelo suor, tão próximos quanto podem estar. Testemunhar minha ansiedade ao pensar que estou me expondo demais ao mesmo tempo em que me lembro que o futuro não é uma garantia; e então aos poucos respirar fundo e deixar toda essa miríade de sensações me atravessarem e me envolverem por quanto tempo elas forem agradáveis, como um oceano que abraça e preenche um corpo que bóia plácido entre a infinidade azul do céu e do mar.