segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Fim

Anuncio aqui o breve remate da minha impetuosa carreira de escritor, provocada pela ausência de fofões. Que o sol brilhe claro no seu horizonte e que o vento sopre nas direções que você desejar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Estigma

Vou escrever esse, porque ela já escreveu muito por mim.

É isso. Não olhe pra trás. Nem ouse virar o rosto. Cabeça erguida. Peito estufado. Barriga encolhida, ombros pra trás, postura perfeita. Não tropece. Apresse seus metódicos passos de salto alto. Não quebre o ritmo. É isso aí, você está indo bem. O cabelo caiu no rosto, tire com a mão. Cuidado pro anel não arranhar os óculos escuros. Dobre a esquina. Perfeito. Continue assim, você não fez nada de errado. Ora, que poderia haver de errado em fazê-lo? Não é nada de mais, mesmo. Pessoas fazem esse tipo de coisa o tempo todo, você sabe. O sucesso de uns é construído em cima do fracasso de outros. Por que se preocupar, então? Você não fez nada de errado. Pronto, está quase lá. 12, 18, 21. O seu é o 72. Não falta muito. A bolsa vai escorregar, ajeite-a. Isso. Cuidado pro salto não prender nos paralelepípedos. Seria uma tragédia o salto quebrar agora, nem pense nisso. Não ouse se dar ao trabalho de ter que resolver o que fazer depois. Como se você já não estivesse ocupada antes. Ora, por favor, né? Olha os números. 112. Passou, desatenta. Preste mais atenção da próxima vez. Meia volta. Já não está andando há horas? Precisa se apressar, parece que já vai chover. 83, 76, 72. Aqui. Suba os três primeiros degraus enquanto procura as chaves na bolsa. Cuidado para não tropeçar. Isso, agora coloque na fechadura e gire. Entrou. Muito bem. Guarde as chaves e feche a porta. Encoste na porta de madeira e por ela escorregue até atingir o chão frio. Descanse a bolsa ao lado. O tapete está manchado. O que é isso? Olhe pras mãos. Hm? Onde arranjou isso, mulher? Esfregue as mãos. Ainda não saiu? Levante-se e vá se lavar agora, antes que suje mais a casa e dê trabalho de limpar depois. Banheiro. Pia. Ligue. Isso, esfregue. Coisinha teimosa, não? Sabonete, então. Esfregue. Esfregue. Mais forte. Saia, desgraçada. Porque não sai? Ora, saia. Por favor. Saia. Por favor... Eu imploro... Saia... Enquanto lamentava, desmoronou lentamente no chão olhando para as mãos. As manchas negras em seus dedos encaravam-na, como se desafiando a tentar removê-las. No entanto, já não poderia haver esperança. Uma vez contaminadas, suas mãos jamais poderiam ser limpas novamente.

domingo, 14 de agosto de 2011

Não confunda amor

Com desejos sexuais obscuros e inexplorados à sua espera

...

São coisas bem diferentes.

domingo, 7 de agosto de 2011

Ora,

Porque não há novos fofões no meu blog? Manifestem-se, desocupados!

Despertador

Uma coisa engraçada, o tempo. O único tempo importante é o agora. O futuro que era futuro já virou presente, e o presente já virou passado. Correndo o risco de cair no clichê, o tempo não pára. E ele é absurdamente rápido. O desanimador é que as pessoas sempre acham que sempre terão tempo pra fazer depois as coisas que gostam ou desejam, e continuam adiando indefinidamente. O tempo transformou-se em moeda. A cidade faz tudo correr mais rápido, prazos, entregas, eficiência, tempo, tempo, acabou o tempo, onde o tempo, não existe, estamos atrasados, não há tempo. Até que chega um ponto, aquele em que se descobre que há mais problemas do que soluções, em que se olha para trás e vê: você não fez nada do que queria. Desperdiçou todo o precioso tempo nas desimportâncias da vida cotidiana. Gastou seu dinheiro, trabalhou, comprou, viveu essa pré-experiência de vida, sem sal, sem gosto, e descobriu que a pré-experiência foi na realidade sua vida. Deu aquela atenção à coisas que seriam supostamente mais importantes. Esses seres humanos sempre acham que terão tempo, que ainda há tempo, que pode-se fazer depois. Esses seres deixam as coisas acontecerem por simples inércia. Por acharem que haverá tempo pra corrigir. Mas não, isso é um absurdo! Levante-se e grite. Não há tempo. O tempo é agora. O livro? Leia. A ligação? Faça. A reunião da velha turma? Organize. A comida? Experimente. A música? Ouça. O desejo? Satisfaça. A declaração de amor?

Sei

Que o vento que cortou a flor
passou também por nosso lar...



...e foi você quem desviou

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Humanos são fáceis de se reconhecer

São aqueles seres lutando a vida inteira, tentando de se livrar dos arames farpados criados por eles mesmos. Seu passado está atrás deles e o futuro adiante. Dificilmente olharão para os lados.