quinta-feira, 27 de abril de 2023

 Eu não sei mais o que fazer com a minha dor, além de chorar, escrever e seguir em frente. São tantas desterritorializações, são tantas idas e partidas, que às vezes parece que é demais. 

Um fjorde gélido me separa de tudo que eu um dia conheci, e o pouco que eu tinha era tudo que eu tinha. É muita dor, é muita tristeza. Eu choro por tudo que eu perdi, e tenho medo das coisas que eu posso vir a ganhar.

Busco conforto em lugares antigos, dos quais me afastei porque não eram mais confortáveis. Tem coisas que eu não quero perder nunca, e que já foram perdidas desde quando eu as tinha por perto. 

Eu danço, e a vida gira e acontece. Tudo que eu sacrifiquei em nome do meu sonho, não pode ser em vão. Liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome. 

terça-feira, 11 de abril de 2023

P0rn

 Leitado.


Era só o que eu pensava enquanto o boy respirava forte na minha orelha. Não ligava de não ter gozado. A melhor sensação é ter alguém comendo seu cu e enchendo você de porra. 


Existe no nosso meio uma obsessão com a troca de fluidos, dos depósitos aos vitaminados, um fetiche de se encher do suco de alguém e sair pingando do rolê.


Até Sávio, que daqui do grupo fazia a mais preocupada com a saúde, gozou na hora que me ouviu dizer que ia encher ele de leite.

- Você sabe que é irresistível, ele reclamava. 

Sávio comia gostoso e minha amiga dizia pra tomar cuidado com os boy que sabe comer cu porque prende a gente. Dito e feito. Mas, ele também era cheio de medos e eu perdi dias da minha vida em postinho. Chegava lá de cara lavada contando a mesma história, até que a enfermeira - que deve ter me atendido umas três vezes - num meio esporro me disse pra tomar prep.


Eu não tava doido pra começar a tomar, mas teria evitado muita coisa.


A treta começou num rolê que fizemos, Sávio, eu e mais uma. A gata botou sem capa na gente, fez a sonsa, depois botou de novo e foi o maior bafafá. Sávio ficou puto e eu já não podia mais gozar em paz.


Me mudei de cidade e me afastei de Sávio, mas de vez em quando dá vontade do pau dele entrando. Penso nisso com alguns outros também, mas não dava pra pedir sem capa pra todo mundo, então ficou só entre os mais chegados. 


Conheci Gui no Grindr no dia seguinte que terminei de vez com Sávio. 


Foi muita troca e muita capa. O papo da prep veio e foi; no final das contas cada um fez 01 teste rápido e a parada começou a rolar entre a gente. Fizemo piada da camisinha que empoeirava no braço do sofá, embaixo da cama e no basculhante do banheiro, nossos lugares estratégicos. Gui era todo gostoso, mas não me avisava quando gozava e isso cortava um pouco a minha onda. Parte da graça é saber que a parada tá rolando naquela hora.


Um dia disse pra ele que não dava mais e me mandei. Ele apareceu na semana seguinte com marcas roxas no pescoço e no peito, com um papo de que quando estava mal se colocava em risco.


Continuamos nos encontrando durante um tempo sem transar, até que um dia a coisa esquentou. Pensei no gostoso da pele na pele e o pensamento me deu vontade.


O combinado de antes era falar se tivesse tido exposição e ele não tinha falado nada. Fiquei com medo e quis saber, mas não quis perguntar. 


- Quer dentro? Ele perguntou.

- Bota camisinha.


...

Ninguém tinha camisinha.