Eu sabia. Sabia quando sua visão deslizou por mim até estacionar, se enterrando nos meus olhos, hipnótico. Servi o dia inteiro, mantendo seu copo cheio e a comida vindo, mas sabia que seria eu servido. Feito fagulha triscando na acendalha, procurei o calor do seu corpo, o toque de labaredas me lambendo. Meu amante quis pouco pra si mesmo e encontrou seu gozo me vendo contorcer. "Eu me sinto louvando um deus" eu o ouvi dizer e deixei que fizesse o que quisesse comigo.
Entre investidas, pausas e beijos, nos demoramos até explodir, ele caindo no sono um casulo dentro de mim. Passei meus dedos pela sua cabeça por longos e infinitos instantes. Vi o tempo se esticar e mais um pouco, até que ele desgrudou o rosto do meu peito, ofegando. "Minha respiração tá muito quente".
Eu só quis que durasse pra sempre.