quarta-feira, 24 de julho de 2013

Cada dia a mais é um a menos pro encontro acontecer.

domingo, 7 de julho de 2013

Family Jewels

-Você foi rápido
-Tempo suficiente pra eu me lembrar o quanto desgosto de reuniões familiares

Ninguém nunca me perguntou, mas eu vou falar assim mesmo. Essas pessoas são tão cheias de si mesmas, tão extravagantes e interessantes, com tantas soluções para os problemas do mundo, que elas se esquecem de escutar.  Elas já são bastante mais inclinadas a se debruçar infinitamente em seu próprio discurso do que eu, e ainda tem certeza absoluta do que falam, como eu poderia fazer qualquer coisa? É claro que eu acho tudo aquilo interessantíssimo. É claro que eles tem coisas importantes a dizer. Mais claro ainda que as reflexões feitas por eles não devem ser ignoradas, mas o que eu teria a falar? Em meio a tanto conhecimento e experiência de vida, qual a contribuição que um mero pseudo-adulto de 16 anos poderia dar à conversa daqueles seres tão iluminados? Por isso, ao ser perguntado, envio um dos meus olhares mais repletos de escárnio e desprezo e digo de uma vez, sem piscar, que tudo aquilo não me poderia parecer mais desinteressante. Se dissesse que gostava, ela iria me perguntar por que diabos eu não estava verbalizando nenhum pensamento, e eu então seria obrigado a responder, levando a uma conversa profunda, mas infrutífera e inadequada a respeito dos meus sentimentos. Mais rápido me fingir de babaca e poupar ambos de sofrimentos desnecessários.

Até poderia tentar me esclarecer, mas ninguém nunca me perguntou.

"Bem-vindo às jóias da família, só o que dividimos é um sobrenome. Típico de mim envergonhar a todos"

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Reflexões da Madrugada pt. 5

Gostaria de dizer que não faria isto por você, mas você sabe que não é verdade. Pois é este o tipo de tolo que sou.

Madrugada

Não fecho os olhos, e permaneço na escuridão à espera do sono que nunca vem. Observo estrelas antigas de sonhos passados despencarem do céu solitário em direção ao esquecimento. Vejo um córrego e repousando sobre ele, as esperanças boiando nas águas estagnadas, corpos ao léu deixados ao capricho dos ventos frios. O som das folhas das copas dos salgueiros se movendo mimetiza o de ondas se chocando contra a costa, enquanto nuvens negras se juntam e recobrem o luar pálido e prateado. Cerro meus olhos e espero pela chegada da luz ofuscante do raiar do dia. Que pensamento triste este que clama pelo nascer do sol. Fraco, rastejo para fora da cama e procuro o depósito cintilante de dores engarrafadas. Me sirvo de uma taça de luz estrelar líquida e lágrimas angelicais, ao som de Erik Satiè girando no toca-discos. Um brinde ao casal e ao fim de meus sonhos infantis. Sinto o gosto amargo de corações partidos deslizando pela minha garganta numa tentativa de apagar minhas lembranças do Ontem; só a solidão me conhece Hoje. Onde está a paz nestes sonhos inquietos? Incapaz de retornar à serenidade de pensamentos, preso entre a necessidade e desconfiança. Adentro as trevas amedrontadoras e sigo sem raízes em meio à noite, murmurando as mesmas velhas notas. As nuvens ameaçadoras a velejar pelo céu finalmente despencam em lágrimas sobre mim, num consolo ao meu lamento. Assim, continuo aqui, debaixo da chuva. Desde então rezando para que as gotas sagradas consigam afogar as chamas que ainda queimam por ela.