-Você foi rápido
-Tempo suficiente pra eu me lembrar o quanto desgosto de reuniões familiares
Ninguém nunca me perguntou, mas eu vou falar assim mesmo. Essas pessoas são tão cheias de si mesmas, tão extravagantes e interessantes, com tantas soluções para os problemas do mundo, que elas se esquecem de escutar. Elas já são bastante mais inclinadas a se debruçar infinitamente em seu próprio discurso do que eu, e ainda tem certeza absoluta do que falam, como eu poderia fazer qualquer coisa? É claro que eu acho tudo aquilo interessantíssimo. É claro que eles tem coisas importantes a dizer. Mais claro ainda que as reflexões feitas por eles não devem ser ignoradas, mas o que eu teria a falar? Em meio a tanto conhecimento e experiência de vida, qual a contribuição que um mero pseudo-adulto de 16 anos poderia dar à conversa daqueles seres tão iluminados? Por isso, ao ser perguntado, envio um dos meus olhares mais repletos de escárnio e desprezo e digo de uma vez, sem piscar, que tudo aquilo não me poderia parecer mais desinteressante. Se dissesse que gostava, ela iria me perguntar por que diabos eu não estava verbalizando nenhum pensamento, e eu então seria obrigado a responder, levando a uma conversa profunda, mas infrutífera e inadequada a respeito dos meus sentimentos. Mais rápido me fingir de babaca e poupar ambos de sofrimentos desnecessários.
Até poderia tentar me esclarecer, mas ninguém nunca me perguntou.
"Bem-vindo às jóias da família, só o que dividimos é um sobrenome. Típico de mim envergonhar a todos"
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