quarta-feira, 27 de julho de 2011

Exclusivo

De repente, eu senti aquela vontade. Uma vontade esquisita, mas bem familiar mesmo. Dentre as vontades, aquela que todo mundo entende e ninguém sabe explicar. Uma vontade louca. Aquela vontade de passar o dia inteiro só deitado agarradinhos. Vontade de ouvir como todos os babacas ousaram ferir o seu coração, e prometer que nunca farei algo parecido. De passar fins de semana com chuva vendo filmes ruins em casa cobertos por um cobertor e comendo alguma porcaria. De planejar coisas, coisas que com certeza nunca iremos fazer mas que por algum motivo só planejá-las com você já serve pra mim. Vontade de falar sobre tudo e sobre nada. De poder dizer besteiras e fazer piadas que não são engraçadas, mas que mesmo assim fiquemos rindo por horas. De deitar na grama e passar a madrugada olhando o céu estrelado. De gastar dinheiro indo ao cinema pra não ver o filme. De ir à praia assistir o pôr-do-sol de mãos dadas. De sair de casa pra tomar sorvete de chocolate. De comprar um novo celular e gastar uma fortuna em mensagens todos os dias. De sobreviver durante uma semana só com queijo quente e brigadeiro. De tomar longos banhos esfumaçantes e nada ecológicos. De elogiar o seu talento pro que quer que esteja querendo fazer. De me sentir intimidado pelo seu pai e de elogiar a comida da sua mãe por pior que seja. De conhecer a sua irmã e ficar nervoso querendo que ela me ache legal. Vontade de perder a conta de dizer o quanto sou louco pelos seus olhos castanhos.
...


-Ei, você quer namorar?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Reflexões da Madrugada pt. 3

Escolher o futuro é decidir como o passado vai nos afetar.

Reflexões da Madrugada pt. 2

A solidão, na realidade, não passa do único momento no qual você pode expressar todas as suas vontades e todas as suas verdades ao mesmo tempo. E ali você enxerga que desde que você nasceu, você é solitário.

Reflexões da Madrugada

Não fui criado por deus. Não fui criado pelo diabo. Fui criado pela vida. E quem é criado pela vida, apenas vive. E então aqui estou eu...

Ainda vivendo...


(Nota para as reflexões da madrugada: Na verdade são duas da manhã, e não nove. Obrigado, tenha uma boa noite)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Rachadura

Você, meu querido, é um barril de pólvora. É tão mau ator que seu nervosismo reprimido e sua ridícula tensão mal disfarçada explodem frequentemente numa reação em cadeia. Seja por favor mais sensato e não se deixe inflamar por essas cargas patéticas de raiva. Deixe de infantilidade e aprenda a fundamentar corretamente seus próprios argumentos; não perca tempo mantendo essa atitude displiscente e masoquista de ser contra tudo e contra todos. Seria até útil se você soubesse, e ao menos tentasse agradar. Aprenda a ter a capacidade de ser tocado e render-se a gestos e palavras gentis. Não descontrole-se por tais fúteis ninharias. Sua má atuação desabrocha de novo claramente na sua pose blasê de frio, racional e realista; somente más construções de um muro translúcido erguido inutilmente numa tentativa de ocultar a sua personalidade irritadiça e passional. Sua contradição de nascença revela-se pelo seu depósito de lembranças, quinquilharias e cacarecos sem valor. Anseia esperançosamente pelo futuro por simplesmente não ser capaz de desvencilhar-se do passado. Não ser capaz de desapegar-se de nada. Cultiva piamente o feio e o mau gosto para tentar agredir essa beleza e suavidade que tanto o desagradam.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O que eu fui pra você, afinal?

"-Alguém útil num tempo necessário"


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Que foi? Não era pra dizer a verdade?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Conto de Fadas

Tranca quebrada. Porta velha e cedendo. Assoalho empoeirado coberto de cacos de vidro e tábuas levantadas. Cortinas rasgadas. Colchão arruinado e manchado. Cama podre, carcomida e prestes a desabar. Retrato arrancado da moldura. Quadros destruídos. Penteadeira caída e com o espelho rachado. Caixinha de música despedaçada. Gavetas vazias jogadas pelo chão. Tapete engruvinhado e coberto de sujeira. Na parede cinzenta, centenas de riscos de giz verticais, cada um cortado por um risco horizontal menor. Janelas estilhaçadas, por onde a natureza já entrava. Amarrada no parapeito, uma corrente gigantesca indo até o chão, feita de centenas de lenços amarrados juntos.


"É. Ela enfim descobriu que o príncipe não viria"