Outro passo. Outro dia. Mais uma desconsiderada e inútil página já desnumerada era virada no livro velho que caía aos pedaços. Só um dedo machucado e sangrando de tanto bater na mesma tecla, esperando que algo acontecesse. Esperando que alguém ouvisse. Outro passo. Outro dia. Só a sombra de uma cadeira, se deslocando de um lado para o outro repetidamente, sem ser movida. Só se moveria no dia que fosse desmontada e destruída, eles diziam. Outro passo. Outro dia. No qual já não era possível sentir o calor do fogo. No qual todas aquelas comidas refinadas servidas em bandejas de prata tinham todas o mesmo gosto de nada. No qual todos aqueles cortes não provocavam qualquer sensação de dor ou remorso. Dias nos quais estar sob o sol ou sob o gelo não fazia diferença. Dias nos quais o sofrimento não mais comovia. Onde o tédio já não surpreendia. Onde ficar só na vontade já não doía. Onde era só mais um porco num chiqueiro, comendo e dormindo, esperando ser finalmente sacrificado algum dia. Nem mesmo promessas ainda atraíam. Só uma longa estrada de terra, rachada pela alarmante ausência de água, seguia indefinidamente além do horizonte. Sem sinais de haver um dia existido vida ali. Sem toca para oferecer refúgio. Sem lago para oferecer alívio. Sem árvore para oferecer abrigo. Só o dia, a estrada, eu, e o abismo. O que se fez presente desde o início da caminhada, e era profundo demais pra ser preenchido. Outro passo, onde os pés descalços se feriam e sangravam na briga com o barro e com as pedras pontudas do chão. Outro dia, onde era só mais um dia, comandado pela inércia do estado de espírito. Comandado pela falta de comando. Outro dia onde só havia o dia, eu, a estrada, e o abismo. Dias onde não havia dia. Outro dia onde só havia eu, a estrada, e o abismo. Dias onde não haviam caminhos. Outro dia onde só havia eu, e o abismo. Outro dia onde só havia eu, e o abismo. Eu, e o abismo. Eu, e o abismo. Eu, e o abismo...
O abismo...
Fim
- Er, isso ficou muito... profundo, Tiago. Mas a proposta era uma redação sobre o seu cotidiano!
- ...Desculpe
gente por um minuto achei que ele ia se matar eu ja tava "af ele vai se matar eh isso msm como vai ficar a historia agora dfgfdf oh ceus"gente por um minuto achei que ele ia se matar eu ja tava "af ele vai se matar eh isso msm como vai ficar a historia agora dfgfdf oh ceus"
ResponderExcluirgente por um minuto achei que ele ia se matar eu ja tava "af ele vai se matar eh isso msm como vai ficar a historia agora dfgfdf oh ceus"gente por um minuto achei que ele ia se matar eu ja tava "af ele vai se matar eh isso msm como vai ficar a historia agora dfgfdf oh ceus"
meu deus pq tantas vezes repetidas esse comentario do silveira? enfim, eu tb achei q ele tivesse morrido, n ia ser nada legal, naaada legal.
ResponderExcluirporque não seria nada legal?
ResponderExcluirporque ele é o principal, e geralmente principais não morrem no começo, só em Crônica de Uma Morte Anunciada, quena verdade é começo e não é, só uma grange loucura.
ResponderExcluirvai ver o principal não é ele...
ResponderExcluirPOLÊMICA DETECTED.
taquipariu voce me confunde matheus
ResponderExcluiragora que eu notei, a diana fez dois comentários com dois nomes diferentes~
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