quinta-feira, 20 de julho de 2023

Foi mal

Revisitando sozinho os lugares em que morei com você, s(i)ento pra ver cada pedaço de memória ser levado pela correnteza até perder de vista. Restam os resíduos mais pesados, indegradáveis, sedimentos obscurecidos a compor a lama das profundezas.

Talvez o amor, todo ele, aquele que demos e aquele que quisemos dar, o que recebemos e não oferecemos, o amor que não recebemos. Talvez todo o amor desague no mar, tragado até se perder na imensidão dos alicerces da terra.

Pode ser isso que há, ter cada vez menos a oferecer de amor, na busca romântica pela solidão e pelo estoicismo de uma vida seca e imperturbada.

Eu queria mesmo é que você me visse de perto e dissesse que me quer, mesmo que só por um instante. E quando sua mensagem não chega, entendo a aridez de encerrar ciclos sem presença, companhia ou explicação suficiente daqueles que amamos, areia de felicidade varrida pelo vento, esperando que a decomposição sirva de adubo praquilo que virá, quando virá, se é que virá.

Então eu choro, tentando lidar com as dores sem querer destruir o mundo ou explodir por dentro, esperando que um dia o sertão vire a mar.

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