terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cidade Grande

Outra noite sem dormir. Sentado no parapeito da varanda. Sentia o vento fresco da manhã e aproveitava, pois sabia que aquele dia seria tão quente e preguiçoso quanto os últimos. Os pássaros não paravam de cantar e voar ao redor dos fios que ligavam os postes. Ao longe, ouvia um galo cantar. Surpreende-se. Em plena cidade grande, os sons da natureza ainda podem ser ouvidos. O galo, e os pássaros. Logo após, as cigarras se juntam ao coro. Os primeiros carros já começam a passar pela rua à frente, quebrando a sinfonia dos bichos. Na varanda da casa ao lado, à direita, uma senhora prega as roupas no varal. Estranho. Acordou tão cedo. Se bem que não podia dizer nada. Ao longe, acima dos prédios, as nuvens começam a tingir-se de vermelho, denunciando a aproximação do sol, ainda escondido. Nas telhas que surgem à frente do parapeito, a gata se enrosca e deita. Na rua, uma pessoa recita para si mesma uma lista de compras. O taxi que passa faz imaginar quem pegaria um taxi à essa hora da manhã. Já clareava de leve, mas o sol, envergonhado, recusava-se a sair detrás das nuvens. Estava tão imóvel que uma borboleta resolve pousar nos pés descalços apoiados nas telhas. Ela logo voa e leva para depois das nuvens, onde o sol está nascendo. E o Sol é belo. A sensação quente que a luz do sol provoca é maravilhosa, e faz sentir-se acolhido e amado. E voa pelas nuvens, enquanto observa o globo brilhante colorir o céu de azul, vermelho, amarelo e laranja numa explosão de cores até que sobe mais alto no céu, ofuscando a visão e fazendo-o tapar os olhos. Quando os abre, lentamente, está novamente no peitoril da varanda. E o sol não está lá. No quarto, o despertador toca, anunciando a hora da aula.

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